A importância da proximidade física entre mãe e bebê nas primeiras horas de vida.
05/05/2014
Dr. Daniel Becker
Uma das práticas mais injustificáveis no pós-parto é o afastamento do bebê de seus pais para ficar “na incubadora por duas horas” – prescrição comum nesses estranhos lugares – as Maternidades – onde o mundo do hospital, totalmente estruturado para dar conta da doença, encontra pessoas saudáveis, e onde ocorre o momento mais emblemático da saúde humana – o da reprodução da vida.
Se o bebê já foi avaliado pelo pediatra e está bem, porque não deixá-lo com os pais? Qual a justificativa para arrancá-lo de onde pertence e colocá-lo numa caixa de plástico, isolado do mundo? Oxigênio. Ah, bom. Que eu saiba temos oxigênio a 21% no colo da mãe também. Aquecimento? Mais quentinho no colo do pai. Vigilância? Pois é: uma das causas de hipoglicemia é o stress de estar sozinho por duas horas, sem o acolhimento e o aconchego do corpo materno e especialmente, sem a possibilidade de sugar o colostro em pequenas doses, frequentemente. Mais uma vez vamos vigiar os problemas que nós mesmos causamos.
Essas duas horas são preciosas. Fui afastado de meus filhos nos seus primeiros momentos nesse mundo, e doeu. Na época eu não sabia o quanto isso não tinha sentido. E curiosamente, numa experiência que compartilhei com diversos pais e mães, por detrás daquela barreira de plástico muitos bebês ficam num estado especial: alertas, atentos, sem chorar, como que fascinados pela “chegada”, como se a alma estivesse terminando seu “download”. Outros choram muito, como que procurando o seio de sua mãe. No estudo do link aí abaixo, postado por um grande defensor do parto humanizado, o médico pediatra Ricardo Chaves, os autores analisaram o choro de recém-nascidos no pós parto. Avaliando os que foram separados e os que ficaram no colo de suas mães após o nascimento, a conclusão é de que os bebês percebem a separação e choram mais.
Separar pais/mães e bebê logo após o nascimento é quase uma crueldade. E, a não ser por uma justificativa clara, é uma prática totalmente desnecessária. Junto à sua mãe, o bebê estará mais calmo, mais confortável, mais quente, aconchegado, podendo ouvir o batimento cardíaco ao qual se familiarizou. Está demonstrado que isso favorece o vínculo e o Aleitamento Materno. E seus pais estarão mais tranquilos e felizes.