Principalmente durante os primeiros seis meses de aleitamento materno é impossível pensar "naquilo"!
13/11/2013
Chris Nicklas
Já há algum tempo eu não sento no computador para escrever na minha coluna. Ando sem inspiração…
Até que ontem um comentário num post, no qual eu fiz uma brincadeira, me deu uma luz! Sim, vocês são a minha inspiração! 🙂
Algumas semanas depois do nascimento dos meus filhos me lembro que fiz a primeira visita à minha ginecologista/obstetra.
Enquanto eu era examinada ouço dela o seguinte:
– Sua vagina está um papel de tão seca.
-Oi?!- disse eu!
-Durante o aleitamento é assim. Os hormônios que se encarregam da produção do leite também se incumbem de ressecar a vagina. Fica muito desconfortável fazer sexo. Para isso você terá que usar um lubrificante, senão sentirá dor.
Sexo! Enquanto ela falava eu pensava: – Qual é o meu nome mesmo?! Rsrsrsrs!
Fui para casa com essas informações no bolso que logo foram esquecidas no minuto que adentrei a casa e comecei a assumir minhas funções maternas: amamentar, botar para dormir, arrotar, trocar a fralda, dar banho, acalmar de um choro misterioso, fazer massagem para aliviar cólicas…
Sexo!!!!!! Quando, onde, porque, pra que?!?!?!
Brinquei sobre isso ontem no FB do Amamentar é… e a Simone Loirinha disse rindo que eu era muito verdadeira, mas que tem certas coisas que a gente não fala.
Pois é, este é que é o problema! E por isso falo sobre isso aqui com vocês.
É muito difícil ( e talvez sempre tenha sido, só que em proporções menores, afinal a sociedade brasileira mudou muito nas últimas décadas e com ela o casamento ) em plenos anos 2000 assumir que não se tem apetite sexual. Mesmo que num período como o do aleitamento materno, em que temos nossa libido toda voltada para nossos rebentos. Na prática o que acontece é que passamos de mulheres desejosas por contato sexual para basicamente: – Sai da minha frente!!!!!
E o medo? De sermos traídas, do casamento acabar, de estarmos fora dos padrões de normalidade de saúde mental e emocional? Mas ir para a cama sem vontade é triste, para se dizer o mínimo, mesmo que seja com o cara que a gente ama.
O casamento não foi desenhado para isso, né? Meses sem sexo! Onde já se viu? Tem algo errado!
O pior é que não tem! Ta tudo dentro dos conformes da natureza. Mulher que amamenta não tem vontade de transar. Fora que com a vinda do filho tantas coisas mudam entre o casal, é como se estivéssemos sendo reapresentados, marido e mulher se tornam pai e mãe.
Que fique claro que com o tempo as mamadas vão se tornando menos frequentes, com o início do desmame, e a tendência é tudo voltar ao normal ( se é que existe um normal!), mas para muitos casais nunca mais volta a ser como era.
Uma vez ouvi de uma médica: – Nesta fase precisamos entender e descobrir que sexo não é somente penetração, existem tantas carícias e carinhos que são totalmente possíveis e viáveis neste período que poderiam aproximar o casal. E assim a espera pelo retorno da libido da mulher não ficaria tão sofrida.
Pois é, mas de novo caímos na reflexão sobre a sociedade em que vivemos, onde não existe calma, o tempo é medido de forma obsessiva ( inclusive o das mamadas!) e vivemos nos esforçando para alcançar a felicidade, o Nirvana! Sem sexo?! Hahahaha! Que histeria!
Aqui em casa foi tudo muito difícil. Sobrevivemos, o casamento superou os desafios (sabemos que outros virão! Afinal agora nos aproximamos da maturidade que é uma nova onda a ser surfada ).
Se me perguntassem como conseguimos eu diria que tivemos conversas muito duras, insuportáveis de digerir. Aprendemos a nunca esquecer de tentar olhar as situações pela ótica do outro, que frequentemente é extremamente diferente da nossa. E no meu caso, muita psicanálise!