"Amamentação e o desdesign da mamadeira- Por uma avaliação da produção industrial" de Christine Nogueira Nunes, Editora Puc Rio.
03/04/2014
Chris Nicklas
A amamentação parece um assunto de cunho pessoal, não? Pois não é! Ele está em todas as esferas: política, econômica e social. Acompanhando a história da humanidade compreendemos por que chegamos aqui, ao ponto em que estamos, e por que se tornou tão difícil lidar com o que a princípio seria simples e natural, amamentar.
Você deu o dá mamadeira para o seu filho? Eu dei. Agora estamos nos aproximando da etapa do aparelho dentário, que muito provavelmente se deve ao fato deles terem usado esse recurso tão comum em nossa cultura. É um drama? Não. Durante anos achei que todo o debate sobre a mamadeira e seu uso se resumia ao tratamento dentário e a dicção das crianças. Até que eu li este livro abaixo que agora indico para quem se interessar a entender o estrago que a dobradinha “mamadeira/leite em pó” fez e ainda faz no mundo todo, principalmente nos países de terceiro mundo.
Estamos falando em mortalidade infantil, no lucro trilhardário que as marcas fabricantes destes produtos fizeram e ainda fazem a revelia do sofrimento das classes menos privilegiadas ( principalmente das que vivem na linha da miséria ) e da lavagem cerebral pela qual todas nós ( mães ) passamos. Esse é um dos pontos que mais me preocupa quando falamos sobre o Aleitamento Materno e seus impasses, quem é o nosso interlocutor? Qual sua origem e seu nível cultural? A mamadeira e o leite em pó podem para muitos que, como eu, vivem dentro de boas ou ótimas condições de qualidade de vida, não representar nenhum grande risco. Mas e o resto da população? Que vive em áreas sem saneamento básico, não tem noções de higiene e não tem poder aquisitivo para arcar com o custo que o leite em pó representa no orçamento mensal de uma família?
Indico o livro de Christine Nogueira Nunes, professora do curso de design da PUC – Rio de Janeiro, por sua vasta e detalhada pesquisa, para os que querem se aprofundar neste debate. Sem moralismos, nem certos e errados, mas precisamos enxergar o que se passa em todas as camadas da população. Vivemos há décadas mergulhadas num mar de estímulos publicitários que nos impedem de ver o que se passa do outro lado.