Por que os bebês na maioria das casos dormem "mal"?
05/05/2017
Chris Nicklas
Numa longa conversa com as especialistas no “sono do bebê” , Denise Gurgel e Maiana Rappaport foi possível trazer aqui para vocês uma série de reflexões sobre este assunto que é tão complexo e polêmico.
São inúmeras as vezes que sou procurada para falar sobre a dificuldade de colocar o bebê para dormir, de fazer ele dormir uma noite “inteira”, de diminuir as mamadas noturnas…
Sempre penso no quanto nos enganamos e iludimos sobre a real capacidade que um bebê tem de dormir ao nascer: primeiro- sozinho; segundo- por uma noite TODA; terceiro- sem precisar acordar para mamar.
Por experiência própria sei o quanto este terreno é minado e problemático. Passei por diversas situações angustiantes com meus filhos quando ainda eram pequenos e foi muito desesperador não saber o que fazer. Me arrependo de várias coisas que fiz e de outras que deixei de fazer…
No desespero recorremos às técnicas disseminadas em livros, que normalmente são muito rígidas e não levam em consideração as subjetividades de cada família.
Já vi famílias que se resolveram das mais diversas formas. Cama compartilhada, se mudar para o quarto do bebê, chupeta, mamadeira, dar uma volta de carro, deitar na rede com o bebê… Mas tudo parece funcionar por um curto prazo de tempo e logo o problema volta.
O que mais me chama a atenção é que a partir de um certo ponto a família não pensa mais em outra coisa, a não ser que o bebê TEM que dormir senão o mundo acaba. Neste processo obstinado perde-se a possibilidade de perceber o próprio bebê, suas capacidades, limitações e por fim atrapalhamos a única coisa que pode realmente trazer a solução, que é ele próprio se desenvolver fazendo a aquisição de novas capacidades.
Bebês e crianças não são maquininhas que funcionam ou não. É imprescindível que mães e pais tenham em mente que algum nível ( mais alto ou mais baixo ) de privação de sono ocorrerá quando o bebê chegar da Maternidade e mesmo mais tarde em fases de grandes mudanças e acontecimentos. Não tem jeito!
No início de nossas vidas precisamos ficar muito ( MUITO! ) perto do corpo materno ( e quando este não está disponível, de algum corpo humano ); não nascemos capazes de fazer longos ciclos de sono; e por último nós mamíferos mamamos à noite, horário, aliás, em que a descida do leite se faz ainda mais eficiente. Isso tudo faz parte da natureza humana.
Depois dessa conversa abaixo percebi o quanto não nos damos conta do processo de desenvolvimento e amadurecimento dos nossos bebês. Uma das coisas mais importantes dita nesse bate papo é: observe o seu bebê.
O cuidado de uma mãe é adaptativo, ou seja ele deve naturalmente/espontaneamente se adaptar às necessidades do bebê, e estas mudam o tempo todo e rapidamente.
Um bebê de semanas não é igual a um de 2 meses, que não se iguala a um de 5, nem ao de um ano. E assim segue pela vida.
Maiana Rappaport: é psicóloga/psicanalista, especialista em atendimento clínico às gestantes, pós parto, casais e adultos. Coordena grupos de pós parto, oficina de reciclagem de avós e é consultora do sono de bebês e crianças.
Denise Gurgel: é fisioterapeuta materno infantil, especialista em shantala e consultora do sono de bebês e crianças.